são recortes de um caderno de processo, vestígios da pesquisa, programas para ação teatral/performativa, transformados em passatempos
jogo dos 7 erros
1964?2020
procure e marque as diferenças entre 1964 e 2020
Fotos de 1964 - revista manchete, edição especial de 01 de abril de 1964. Fotos de 2020 - imagens originalmente em cores. Fontes - agencia o globo, sérgio lima (afp), adriano machado (reuters). As cores das imagens foram alteradas digitalmente.
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ao final de cada história
CAMUFLAGEM
Marcelo Honório de Godoy
É como se o segredo fosse o derradeiro poder dessa comunidade
escultura de Daniel Arsham
O sigilo rapidamente se tornou obsessão entre os militares (...) Negar a violência sem com isso deixar de usufruírem de seus efeitos.(...).Nada como o silêncio. (...)
Fonte: A Casa da Vovó: Uma biografia do DOI-Codi (1969-1991), o centro de sequestro, tortura e morte da ditadura militar
Marcelo Honório de Godoy
No livro do movimento, “Mães de Maio: Do Luto à Luta”, ela registrou: Vivemos em um Estado dito democrático de direito que camufla uma verdadeira ditadura continuada, operando livremente, assolando lares de famílias periféricas, sem direito à justiça, à verdade e à liberdade. Sabemos que os sinhozinhos feudais e o capitalismo, os capitães de mato, o Estado e as chibatas hoje se concentram nas balas de revólveres dos policiais. A pena de morte está completamente declarada e descarada nesse país que se diz democrático.”
BORORO
foto: museu bororo unb
Bororo sabe chorar seus mortos
Enfeitar o corpo vivo
Plantar o corpo no centro do terreiro
Regar diariamente
Lavar e pintar os ossos
Dançar com um objeto dele no centro do terreiro.
Chorar, lamentar, escarificar:
marcar o lamento no próprio corpo
Levar o morto para uma última olhada no mundo
Enviar os ossos pro fundo do rio
Reparar a sua morte.
Agradecer
ação inspirada pelo funeral bororo e improviso em algum dia de janeiro/2020 - passando de dentro da sala de ensaio aos arredores do teatro
"Rituais dessa etnia indígena são essenciais para a reconstrução de uma sociedade desequilibrada pela morte e aniquilada pela ocupação branca"
CAMA DE GATO
caso nº5: um inspetor europeu tortura a mulher e os filhos
trecho de "condenados da terra", franz fanon
lá vem a noiva toda de branco
se engalfinha com seu algoz
mistura tudo
coturno com seda
pau de arara com champanhe
chantilly com trêsoitão
"O Brasil tem uma tradição de transição negociada desde sempre. O primeiro chefe de estado do Brasil, Dom Pedro I, era o príncipe herdeiro da coroa portuguesa. O Marechal Deodoro, que proclamou a República, era marechal do Império. Getúlio Vargas, que fez revolução de 30, foi ministro do governo Washington Luís, o qual ele derrubou. (A escravidão só acabou quando não tinha mais nenhum interesse econômico para os fazendeiros.) O José Sarney, que foi o primeiro presidente do Brasil democrático, foi o último presidente do PDS, que era o partido que dava sustentação à ditadura."
DA DOR À CÓLERA
fotos: felipe dana, anish kapoor (the death of leviatan), agência estadão
Somos um país sem nenhuma tradição de luto público
Cavando do chão, com as próprias unhas
desenterra os mortos
soltando gritos de horror e angústia.
E também proferia terríveis ameaças e lançava maldições
sobre os autores do que chamava de heresia.
Acusada do que fazia e do que tinha feito
não negou coisa alguma
trecho da Antígona de Sófocles
enlutar-se, fazer do luto luta
Da dor à cólera: nos textos, o passo já foi dado quando ainda duvidamos que ele possa sequer ser considerado. Dúvida insistente (…) Não sei se devemos atribuir essa dúvida à nossa prática perfeitamente asséptica do luto, à nossa incapacidade tão ocidental de nos descentrarmos (…) ou a um poderosíssimo desejo de esquecimento – esse esquecimento do original que ainda designamos por civilização. Da dor à cólera, é isso. (…) E isso leva-nos de volta às mães e à noção de uma dor que não abranda e alimenta-se de si própria, perigosa para tudo o que rodeia a mãe, cujo luto se condensou em medição de forças consigo mesma e com os outros. Tal dor transformada em desafio tem o temível nome dessa memória-cólera que, desde a Ilíada e a cólera de Aquiles os Gregos chamam de mênis.
Fonte: As mães de luto, Nicole Loraux
CYCY
foto Cláudio reis/frame photo
Sófocles
É evidente que não sou mais eu o homem, é é ela o homem se eu deixar impune a petulância
a via crucis de Delsy
CINZA (negativo)
vê-se pelo vídeo infravermelho: a mulher tira toda a roupa ele-câmera destrincha o corpo da mulher takes pornô
AMARELO E VERMELHO (positivo)
ela está coberta de vermelho
se veste com o plástico amarelo: véu e vestido
atravessa o longo corredor entre quedas e escorregões
Ana Mendieta, rastros corporais
... a ditadura empregou tortura sexual tanto contra mulheres como contra homens, sendo que em relação a estes últimos ela se deu como uma forma de emasculação ou feminilização, performando-se como estratégia de
Subscreve-se aqui a abordagem dominação simbólica.explicitada no Relatório da CNV, que aponta como o machismo e a hierarquia entre os gêneros situam-se no cerne das práticas da tortura. Nesse sentido, é preciso elucidar os aspectos específicos do terrorismo de Estado em relação às mulheres...
Fonte: Relatório final da comissão da verdade em minas gerais, página 194 “Violência por gênero”